domingo, 29 de novembro de 2009

...Afinidade acontece. Um mesmo signo, um mesmo par de sapatos caramelo, um mesmo livro de cabeceira. Afinidade acontece entre seres humanos. A mesma frase dita ao mesmo tempo, o diálogo mudo dos olhares e a certeza das semelhanças entre o que se canta e o que se escreve. Afinação acontece. Um mesmo acorde, um mesmo som, uma mesma harmonia. Afinação acontece entre instrumentos musicais. A mesma nota repetidas vezes, a busca pela perfeição sonora e a certeza das similaridades entre um tom acima e um tom abaixo. A incrível mágica acontece quando os instrumentos musicais descobrem afinidades humanas entre si no mesmo instante em que os seres humanos descobrem afinações musicais dentro deles mesmos...



[Maíra Viana, O Teatro Mágico em Palavras]

“O exemplo é uma força que repercute, de maneira imediata, longe ou perto de nós... Não podemos nos responsabilizar pelo que os outros fazem de suas vidas; cada qual é livre para fazer o que quer de si mesmo, mas não podemos negar que nossas atitudes inspiram atitudes, seja no bem quanto no mal.”
[Chico Xavier]

Dialética


É claro que a vida é boa

E a alegria, a única indizível emoção

É claro que te acho linda

Em ti bendigo o amor das coisas simples

É claro que te amo

E tenho tudo para ser feliz

Mas acontece que eu sou triste...
[Vinícius de Moraes]
Ana, o céu e o mar.

A vida é o que se espera dela. E o melhor, sempre fica nas entrelinhas. O mal neste mundo é que os estúpidos vivem cheios de si e os inteligentes cheios de dúvidas...

É como se eu nascesse todo dia...

Não é incrível que existam bananeiras, abacateiros e jabuticabeiras? De onde será que veio tudo isso? Todo dia eu me faço as mesmas perguntas. É como se eu estivesse vendo as coisas do mundo sempre pela primeira vez. Os vales, a chuva, os mares. A terra, os animais e as floretas. O fogo, o tempo e a claridade. Sem falar no céu com todas as suas estrelas e na lua com todas as suas fases. Como surgiu tudo isso? Os meus porquês são palavras incontáveis. O sentimento de absurdo me invade quando reparo na arquitetura humana. O sistema nervoso, veias e artérias, músculos e ossos, cérebro e coração. Bocas e braços, narizes e olhos, ouvidos e mãos. O ser humano é feito de uma perfeição absurda. Realmente inexplicável. Me admiro o tempo inteiro e acredito que nunca vou me acostumar com as coisas do mundo. Quem criou tudo isso? A resposta óbvia me remete a deus e eu pergunto: Se deus criou tudo, quem criou deus? Se tudo surgiu dele, de onde ele surgiu então? As perguntas continuam sendo as mesmas, só muda o sujeito da oração. Eu vejo as coisas do mundo como quem assiste à um espetáculo de mágica. Num grande truque, o belo coelho branco surge de dentro da cartola até então vazia. Como assim? Não sei. Mas quero muito saber. Todo dia eu acordo buscando saber quem sou e de onde vem o mundo. E me faço as mesmas perguntas. É como se eu estivesse vendo as coisas do mundo sempre pela primeira vez. É como se eu nascesse de novo, todo dia

sábado, 11 de julho de 2009


Motivo

Eu canto porque o instante existe
E a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
Sou poeta.

Irmão das coisas fugidias
Não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias no vento

Se desmorono ou se edifico
Se permaneço ou se desfaço
- Não sei, não sei. Não sei se ficoou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo
Tem sangue eterno e asa ritmada
E um dia sei que estarei mudo:
- Mais nada.

[Cecília Meireles]

segunda-feira, 22 de junho de 2009


Meu Amor


Meu amor é único, ímpar, sem par

É talento, é melodia, canção de ninar

Encanta com seu canto, sem falsete

Fascina com seu toque em dó, ré ou sol

Sustenido ou bemol

Unidos no ritmo de uma canção

Que faz bater mais forte o meu coração.


[Dena Vargas]

domingo, 21 de junho de 2009


"Já sonhei nossa roda gigante esconde-esconde em você

Já avisei todo ser da noite que eu vou cuidar de você

Vou contar histórias dos dias depois de amanhã

Vou guardar tuas cores, tua primeira blusa de lã..."


[Fernando Anitelli, O Teatro Mágico]

quarta-feira, 17 de junho de 2009


O tempo é muito lento para os que esperam

Muito rápido para os que tem medo

Muito longo para os que lamentam

Muito curto para os que festejam

Mas, para os que amam, o tempo é eterno.


[William Shakespeare]

Sensibilidade

Poesia são palavras que não enxergamos
Palavras que não ouvimos
Mas sim aquelas que o coração capta do meio
Que a alma sente
E o racional desconhece

[Tainá O. P. Rocha]

Incógnita, o Amor


O amor não têm definação

Para quê definir o amor?

Para quê apresentar o amor?

Tudo que é escondido é mais gostoso

O amor não tem que ser conceituado

O amor não tem sentido

Ele é sentido e tem que ser vivido


[Taina O. P. Rocha]

Versos à Confidente


Eis aqui a poesia

A poesia que te merecia

Óh minha amiga, minha confidente

És minha vida onipresente

Óh flor, linda flor

Tú tiras minha dor

Essa é para você, Luminha

A minha linda florzinha

Óh como queria de rimadilhas este poema cubrir

Mas rimadilhas não posso criar

Pois rimadilhas são limitadas

E nossa amizade é ilimitada


[Tainá O. P. Rocha]

Dedicada à Luma Moretti

O Navio dos Meus Sonhos

É quando sento à beira do mar
Que me sinto livre para pensar
Tampouco me comparo à imensidão azul
Imagino que eu seja o mar
E você um navio
Um belo navio a deslizar em minhas tortuosas águas
Invadindo meu corpo e alma
E eu sem saber a que porto quer chegar

[Tainá O.P.Rocha]

terça-feira, 16 de junho de 2009


Soneto de Fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

[Vinícius de Moraes]

Desejo

As coisas que não conseguem morrer
Só por isso são chamadas eternas.
As estrelas, dolorosas lanternas
Que não sabem o que é deixar de ser.

Ó força incognoscível que governas
O meu querer, como o meu não-querer.
Quisera estar entre as simples luzernas
Que morrem no primeiro entardecer.

Ser deus — e não as coisas mais ditosas
Quanto mais breves, como são as rosas
É não sonhar, é nada mais obter.

Ó alegria dourada de o não ser
Entre as coisas que são, e as nebulosas,
Que não conseguiu dormir nem morrer.

[Cassiano Ricardo]

[...]Pra dilatarmos a alma
Temos que nos desfazer
Pra nos tornarmos imortais
A gente tem que aprender a morrer
Com tudo aquilo que fomos
E tudo aquilo que somos nós

[O Teatro Mágico]

Pouco Me Importa

Pouco me importa
Pouco me importa o que?
Não sei: pouco me importa.

[Alberto Caeiro]

Comtemplo o Lago...

Comtemplo o lago mudo
Que uma brisa estremece
Não sei se penso em tudo
Ou se tudo me esquece

O lago nada me diz,
Não sinto a brisa mexê-lo
Não sei se sou feliz
Nem se desejo sê-lo.

Trêmulos vincos risonhos
Na água adormecida.
Por quê fiz eu dos sonhos
A minha única vida?

[Fernando Pessoa]